segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Anoitecer

(Florbela Espanca)

A luz desmaia num fulgor d'aurora,
Diz-nos adeus religiosamente...
E eu, que não creio em nada, sou mais crente
Do que em menina, um dia, o fui... Outrora...

Não sei o que em mim ri, o que em mim chora
Tenho bênçãos d'amor pra toda a gente!
Como eu sou pequenina e tão dolente
No amargo infinito desta hora!

Horas tristes que são o meu rosário...
Ó minha cruz de tão pesado lenho!
Meu áspero e intérmino Calvário!

E a esta hora tudo em mim revive:
Saudades de saudades que não tenho...
Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...

sábado, 28 de janeiro de 2012

Suas asas...


Com seu olhar intenso, profundo... mas suave,
Levou-me para dar um passeio por entre as estrelas...
Sua voz meiga e doce, soava como uma canção
que parecia ter sido composta para mim...
Suas palavras cativaram-me... me encantou!
Seu sorriso incomum levou-me a voar sem medo de arriscar...
E neste percurso mostrou-me sua dança, seu poema, sua vida...
Um brilho forte... a luz que propagava do seu ser
envolveu-me e me fez sentir dentro de minha alma o Amor, nunca antes encontrado...
Não hesitei... foi o que eu quis...
Um anjo, um belo anjo, veio buscar-me para voar em suas asas...
Como resistir?
Seu toque celestial atingiu minha alma,
dizendo "Amo-te" e convidando-me a estar eternamente a seu lado...
Não pensei duas vezes...
E o sim pronunciei... sem medo de errar...
Que felicidade maior haveria do que
encontrar o Amor e por todas as eras voar segura em suas asas?
Mas...
No ápice da Paixão...
Acordei...
Foi um sonho!
Mas feliz fiquei...
Pois tinha certeza... que me AMAVA!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Demência Fugaz


Doce canção que me faz sonhar
pequenina inteira,
risca suave,
dom de falar...
Quero, não quero
diz que me diz
sei e vou
mas continuo aqui.

Sol lá fora
Chuva aqui dentro
Foi-se num sopro
regado pelo vento
Magia da arte
em sonho comum
De mim para todos...
Hora certeira,
semblante embaçado
reflexo menor
escondido na areia
em gotas suado
De todos, está só.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Feitiço

A pedido de uma amiga internauta segue o poema abaixo.
O primeiro por encomenda...
Espero que gostem!


O tempo te levará por outro caminho
Mas sei que sentirá minha presença
pelas batidas de meu coração
que serão fortes e
não cessarão em teu peito.

Meus olhos serão o teu mirar
A lua, na noite escura...
O farol na imensidão azul...
Meu olhar a te seguir.

De tudo o que ouvir,
Lembrarás da minha voz
Canção guardada na mente
Harmoniosa melodia vai te achar.

E quando pensar em mim
E desejar ter-me ao teu lado
Não precisa gritar
Vou te encontrar seguindo o sussurro do vento
Bondoso amigo vai me guiar.

Vou estar no ar que respirar
Não vou te deixar!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Palavras


Por que tamanho poder foi dado às palavras?
Palavras, inimigas mortais dos poetas.
Um poeta, todos os dias, trava uma luta epopeica com elas.
Não é raro pensar, e não lhe culpo por isso, que a alma de um trovador é feita de letras.
Triste ilusão.
Elas nos perseguem... nos rondam... não nos deixam em paz.
Um escritor detesta as palavras, por isso escreve, para enfim se libertar e seus pensamentos poderem fluir.
Por um instante saciar-se... escrevo... livro-me... sonho.
Porém, a cada amanhecer a luz traz consigo novos discursos e o combate artístico tem início para um novo desfecho encenar e mais um trecho neste cancioneiro publicar.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pequeno Coração


Coração andante
Louco, vagando na estrada
Perdido, sempre em busca do nada
Triste caminhar, estado de amante

Pobre coração pequeno
De esperar já está cansado
Caindo, desejando poder ser alado
Ainda procura um encontro pleno

Por caminhos tortuosos
Tem andado e nunca encontrado
Ao longe, na estrada, avista chorosos

Outros tantos corações que voltando estão
Por nunca acharem aquele a quem amado
E pensante está agora... terá sido tudo em vão?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Teu verso de mim


Estava sentada em frente ao piano
Olhando para o nada,
Pensando em você;
Ouvindo o teu silêncio e refletindo
Como pode ser possível
Meu grito ser tão alto, tão forte
E você não me ouvir?

Tua clave já saiu da pauta
E no pequeno pedaço de folha
Que ainda resta
Procuro e não encontro,
Em uma redondilha que seja,
O teu refrão.

Mas vou guardar na memória
Teu verso de amor pra mim.
Recordar que nosso compasso foi perfeito
Milimetricamente harmônico
Enquanto esteve aqui.

Te rever, quem sabe, amanhã,
No virar a página da partitura da vida
E contigo tocar mais uma canção...
Agora plena, plena em amar!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Aquarelando você


Hoje resolvi escrever poesia.
Mas pensei... como o faço?
Lembrei de cor, magia, fantasia...
Por que não tirar de tudo um pedaço?

Logo a princípio já pausei,
É difícil uma cor escolher...
De tanto martelar encontrei
A cor que quero são todas, todas as que eu perceber.

Magia. Ah! Magia!!!
Envolvente, cintilante, resultante do sobrenatural...
Por onde passa deixa alegria...
Com um toque faz-nos sentir que vem do Divino celestial.

Fantasia... como viver sem ela?
Ilusão que faz pulsar nossa vida...
Fecho os olhos e vejo nosso caminhar em uma tela.
Só dá para te sentir assim, nas letras aturdida.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.

Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde
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Um dos maiores escritores de todos os tempos. Genial, sarcástico, excêntrico, único. Autor de um dos romances mais parafraseados e adaptados: "O retrato de Dorian Gray".

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Sobre o título do Blog

O Título para o blog provém de um verso da música "Todos os Dias"
da banda de rock "Catedral". A banda, com mais de 20 anos de formação,
é conhecida por abordar em suas letras temas sociais, amor e mensagem cristã.

Se o que move o mundo é o Amor, o que pulsa em mim também é Amor.
Se em algum momento você se sentiu tocado, 
não importa a hora, 
o lugar, sua companhia: Poetiza o Amor e vai senti-lo dentro de você.
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Todos os dias quando o sol se põe
Vem a verdade ao escurecer
Eu sinto que existo
Mas falta alguém para me resolver
Em tudo o que eu vivo
P'ra realmente eu me entender.

Todos os dias quando eu vejo o mar
Me dá vontade de tentar viver
Tudo o que acredito
Mas falta alguém para me resolver
Eu sinto que existo
Mas falta alguém p'ra chegar e dizer.

Se a loucura atingiu
O meu senso de ter
Um espaço fechado de um tempo marcado p'ra mim
Não quero a dor como amiga.
Sei que posso prosseguir.

E sem querer fim
Não há o que temer
Procurando alguém
Quero encontrar você.

Poetiza o amor
Tudo vai renascer
Leva os sonhos no peito,
Relembra o que se perdeu
Terás a maior das moradas
E a vida voltará!

Não há mais frio
O sol já raiou
A verdade escreveu
Um poema de amor
E sem querer fim
Não há o que temer
Não procuro alguém
Já encontrei você.

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Abaixo o link para ouvir a música: "Todos os Dias"

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cativar

"... Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
...Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração..."

(O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dança envolvente


Nossos olhares se cruzaram.
É inevitável: o momento, o agora...
Eis o primeiro passo...
Não vacilo, pois declino em teus braços.

Ombros, pernas, corpos...
Todos alinhados, convergindo nossas energias...
Corações pulsantes...
Ritmados no embalo que traz a melodia.

Conduz-me com olhar fito
Me encanta...
Nossos passos entrelaçados
Revoluteiam-se por entre paixão e confiança.

Neste balanço me encontro
Vulnerável sem medida...
Hipnose sedutora
Arrebatando-me; plenamente absorta.

Já não contenho, controlo...
Já não me possuo...
As notas me são irrelevantes
Tudo o que escuto é a pauta que vem do teu sentir.

Nesse estágio sonoro
Não mais dançamos com o corpo,
Dançamos com alma
Movimentos irracionais, dominados pelo sobrenatural.

A música, não escuto...
Sinto-a palpitante em meu ser...
Não há mais quem toque
Porém, ainda no salão estamos a dançar.

O último bailado se aproxima:
Intenso, pungente, seguro...
Deslocamento perfeito,
Portado de requinte e emoção.

Parados estamos
Encarando a totalidade imutável do olhar.
Suspirando extasiados
Na ânsia de uma nova partitura soar...
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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Verdes Olhos

O soneto abaixo não é de minha autoria.
Recebi de alguém muito especial e agora compartilho com vocês.


Não há estrelas por esta janela,
Há a brisa, há a escuridão,
O vento, o eucalipto e vastidão
E o sussurro do perfume dela.

Há o devaneio que já encerra
Uma lembrança de coração
Que pode ser qualquer ilusão
Que em mim veceja e impera.

Ah, qualquer não divagar
Dormente em mim, no peito
Que se vai nesse respirar.

E ao deitar-me no leito
Desta noite, serei o sonhar
Nos verdes olhos que devaneio.

(Anjo poeta)
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sentidos


O vento traz seu perfume.
Sinto que já não está distante.
O teu aroma me envolve...
Minha essência à tua se une...
Ah! Como anseio por esse instante.

Perdi a direção do meu barco
Ao avistar o farol do teu olhar.
Já não sou mais quem conduz
A escuridão, agora se esvai...
Pois são teus olhos que me fazem viajar.

Tua voz, melodia perfeita,
Me leva a sonhos loucos, ao impossível.
Como que por feitiço, te sigo ao extremos:
Me faz subir ao Céu, Paraíso...
Me conduz até Hades, morada invisível...

Dá-me de tua bebida;
Concede-me o néctar dos deuses...
Para que me perca em devaneios.
Quero teu gosto em mim...
Inebriada, assim, não há nada que me escuses.

Tenho teu cheiro, teu olhar,
Tua voz... tudo em meu corpo, teu sabor...
Vou flutuar, imergir,
Desorientar-me em teu mar veemente...
Extasiar-me na ilha mística lusitana, recanto do Amor.
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